"Que eu faça um mendigo sentar-se a minha mesa, que eu perdoe aquele que me ofende e me esforce por amar - inclusive o meu inimigo - em nome de cristo, tudo isto, naturalmente, não deixa de ser uma grande virtude. O que faço ao menor dos meus irmãos é ao próprio cristo que faço. Mas, o que acontecerá, se descubro, por ventura, que o menor, o mais miserável de todos, o mais pobre dos mendigos, o mais insolente dos meus caluniadores, o meu inimigo, reside dentro de mim, sou eu mesmo, e precisa da esmola da minha bondade, e que eu mesmo sou o inimigo que é necessário amar?" ( C.G. Jung)
Através das relações, em situações conflituosas, geralmente somos colocados diante de nós mesmos. Aquilo que nos faz questionar a atitude do outro, evidencia nossa projeção, e nos leva a refletir o que no outro nos incomoda profundamente. Se olharmos com cuidado e profundidade, aquilo que tentamos acusar, julgar ou responsabilizar o outro é exatamente os sentimentos e emoções dentro de nós que tentamos justificar por não conseguirmos encarar, ou seja, aceitar em nós. Assim fica mais fácil, acusar ou responsabilizar o outro.
Isso é estranho e difícil de compreendermos, porque acreditamos que nossa atitude é a "correta", então justificamos apontando a falha no outro, esquecendo que atraimos tais situações justamente para nossa conscientização; é o outro o nosso espelho.
A partir do momento que a atitude do outro, certa ou errada, não mais nos incomodar, isso sim é a abertura para aceitarmos o outro na sua condição, sabendo que somos ou pensamos diferente, mas nem por isso temos o direito de julgar.
Quando nos amamos e aprendemos a respeitar o humano em nós, com limitações e dificuldades, a também valorizar nossos dons, estaremos prontos para olhar o outro e aceitá-lo na diferença, sem que isso nos incomode, sem que isso seja para nós uma ameaça.
Ana Maria
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