26/02/2011

A PELE

"A Pele" é um filme instigante que percorre pelo misterioso mundo da imaginação, a coragem de vivê-lo e a descoberta de um olhar que vai além do que vê. Um filme sensual que ousa perpassar e ir além das fantasias, descortinar e transgredir. As cenas são marcantes, carregadas de emoções fortes e interiores. Muito bom!

 Sinopse


Casada com um homem mais velho, Diane Arbus (Nicole Kidman, vencedora do Oscar por "As Horas") passou muito tempo procurando o seu próprio destino. Ela sente que falta algo em sua vida - que encontra em seu vizinho, o misterioso e inacessível Lionel (Robert Downey Jr., de "Beijos e Tiros"). Inicialmente, a fotógrafa fica assustada... e, ao mesmo tempo, atraída por ele. Começa então uma estranha e intensa paixão, uma viagem ao fundo das emoções e da alma desta bela mulher, em um jogo de sedução que promete transformá-la para sempre. Baseado em uma história real.

Informações Técnicas
Título no Brasil: A Pele
Título Original: Fur: An Imaginary Portrait of Diane Arbus
País de Origem: EUA
Gênero: Drama
Classificação etária: 16 anos
Tempo de Duração: 122 minutos
Ano de Lançamento: 2006
Direção: Steven Shainberg

23/02/2011

Bem e Mal: Dois lados de uma mesma moeda.

imagem: Fonte desconhecida


"O ser humano é portador de liberdade e de responsabilidade. A liberdade lhe é dada como capacidade de modelar essa matéria ancestral e o mundo ao seu redor. A liberdade lhe é dada como possibilidade de decidir se cultiva os "anjos bons" ou os "demônios" interiores. A ele cabe criar uma medida justa de equilíbrio, tirando partido da energia dos "anjos" ou dos "demônios" e colocando-a a serviço de um projeto que se afina com a sinergia e a cooperação do universo. É sua chance de felicidade ou tragédia." (Leonardo Boff)

Muitas vezes nos deparamos com situações que num primeiro momento vemos como um "mal" para nós, talvez por estarmos aprisionados em valores arraigados, pré-conceitos e condicionamentos de nossa cultura, e isso não nos permite ampliar o olhar e ver a mesma situação por outros prismas. Talvez aquilo que vemos como um "mal" pode ser o "fio da meada" que ao se dar a oportunidade de "puxar" (desvendar, conhecer), esteja ali a possibilidade de nos desapegarmos de nossos pensamentos negativos, limitações e medos, ou seja, a prisão que criamos para nós mesmos. Olhar de diversas formas para uma mesma situação é também a oportunidade de conhecer caminhos novos, diferentes, que poderá nos conduzir a uma nova visão e também uma liberdade interior.

Acredito que criamos as situações e conflitos de acordo com aquilo que pensamos a respeito. Para mim não existe bem ou mal, na verdade, se aprofundarmos saberemos que somos nós que os criamos  de acordo com nossa visão de mundo e também nossa bagagem, e principalmente com a intenção de nossas ações.

Aquilo que aprendemos como mal, na verdade, pode ser o caminho para nossa libertação. Sem abertura, não há como escapar da prisão do passado, do conhecido, daquilo que para nós se constitui num "certo". Por esta razão é que nossas pretensas certezas são perigosas, pois podem interromper, arrogantemente, nossa jornada para o crescimento.

21/02/2011

Construção e Destruição da Mandala



“A palavra justa brota do vazio,
evoca o vazio, e retorna ao vazio.
Tudo é sagrado e o mais sagrado
de tudo é o silêncio.”
                                                                         Roberto Crema



16/02/2011

Dualidade



O Homem é este caminho que passa da unidade indiferenciada, através do conflito, através da dualidade, em direção ao infinito e ao sem-limites de si mesmo.

O que está entre dois? Vida/morte, sombra/luz, vazio/cheio, bem /mal, certo/errado, amor/ódio, carência/plenitude.

O objetivo é a saída dos limites nos quais nos encontramos, e isto requer uma escuta de todo corpo, de todo coração, de toda inteligência.

É preciso morrer para um estado de nós mesmos com o qual nos identificamos para ter acesso a um estado de consciência mais elevado, aqueles que conseguirem suportar as núpcias dessas dualidades em si mesmo, morrerão sem dúvida, mas não morrerão sem terem vivido.

Jean Yves Leloup






11/02/2011

A Natureza como Restauração Espiritual

Há séculos nos sentimos uma infusão de força espiritual quando observamos um pôr-do-sol glorioso ou um lago à distância ou a suave ondulação das campinas do vento. Os nossos ancestrais primitivos sem dúvida tinham mais sentimentos básicos do que um dia seremos capazes de recuperar. Mas ainda hoje a contemplação da natureza surte um efeito calmante e terapêutico sobre os nossos sentidos e nossa alma.
A natureza como restauração espiritual é um tópico da literatura de muitas culturas diferentes. Na Grécia antiga, o filósofo Aristóteles afirmava que "em todas as coisas da natureza existe algo de maravilhoso". Segundo a tradição cristã, Jesus passou quarenta dias e quarenta noites no deserto, combatendo seus demônios interiores - drama que culminou no seu aparecimento como um grande mestre. Segundo o poeta, cientista e pensador alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), sempre que se consegue o melhor da natureza humana, isso é um reflexo da beleza e da totalidade do universo. Em seus trabalhos científicos, ele insistia em afirmar que nem sempre é necessário buscar as razões por trás dos fenômenos do mundo natural e que muitas vezes é mais apropriado simplesmente apreciá-los pelo que são. O filósofo e místico alemão Jacob Boehme(1575-1624) falava em reconhecer Deus em cada folha de grama. A poesia de Rumi, mestre sufi do século XIII, descreve a vida do espírito como algo contido e expresso em todos os aspectos do mundo natural. A literatura mundial é rica em referências à natureza como fosse nutriz para a alma.

A natureza á agradavelmente descomplicada. Como o espirito, ela transcende fronteiras e não está sujeita a divisões culturais ou religiosas. A flor nunca pensa em ser árvore, ela se curva diante da força do vento, alimenta-se do sol e da chuva e oferece de bom grado o seu néctar às abelhas e borboletas que passam. Os ritmos da vida são aceitos sem questionamento pelas plantas e animais, e assim, aprendemos com a natureza uma grande lição sobre como seguir o fluxo da vida, sem travar uma luta inútil contra o inevitável. Como sabe qualquer pessoa que entre em sintonia com a natureza, todas as coisas fazem parte do fluxo do universo e têm o seu lugar na interdependência global. E como tudo o que existe na natureza é uma expressão do segrado, nela reconhecemos um poder infinito.

O outro fator-chave que liga a natureza ao refazimento interior é, evidentemente, o contraste que existe entre ela e a sociedade: a natureza pode ser um meio de reclusão, um lugar onde se vai para ficar sozinho. No oriente, especialmente na China e no Tibete, os mosteiros em geral ficam em regiões afastadas, no alto das montanhas. Isso permite que o buscador espiritual das verdades se distancie dos dramas cotidianops da vida secular. Quando vivemos uma vida tranqüila e cheia de paz, com respeito ao meio ambiente e pelas suas dádivas e desafios, podemos purificar a nossa mente e deixar que o nosso eu espitritual brilhe através dela. Muitas comunidades pequenas e auto-sustentáveis, estribadas em valores como a harmonia com a natureza, o despojamento e a disposição para ajudar o próximo, sabem o quanto essa idéia é cativante.

É claro que podemos passar pela experiência do tranquilo isolamento em meio à natureza sem precisar nos distanciar demais da nossa rotina social de todo dia. Podemos nos sentar em meio a um bosque, numa região rural, e observar a natureza em atividade à nossa volta - dependendo da época do ano, minhocas cavando os seus túneis na terra, insetos ajudando as plantas a se polinizar, passarinhos procurando gravetos para construir o ninho. Ou podemos nos sentar à beira de um rio, de um lago ou do mar e observar o fluxo da água, a matéria da vida. Se quisermos uma visão de tirar o fôlego, podemos nos deitar no chão numa noite enluarada e observar a procissão de estrelas no céu. A revitalização do espírito está em tudo ao nosso redor e até os moradores da cidade a têm ao seu alcance em parques e jardins.   

Texto extraído do livro "Mandalas da Natureza" de Lisa Tenzin-Dolma

07/02/2011

Afinidade

"A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos.É o mais independente. Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto que foi interrompido.
Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existir antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas. O que você tem dificuldade de expressar a um estar não a fim, sai simplesmente e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.
Afinidade é ficar longe pensando a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras. É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com. Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo. Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado. Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.
Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar, jamais explicar, apenas afirmar.
Afinidade é jamais sentir por. Quem sente por confunde afinidade, com masoquismo.  Mas quem sente com, avalia sem se contaminar. Compreende sem ocupar o lugar do outro. Aceita para poder questionar. Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar. 
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto nas impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar tempo de separação. Porque o tempo de separação nunca existiu. Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida para que a maturação comum pudesse se dar. E para que cada pessoa pudesse a possa ser, cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada do eu individual aprimorado."

Arthur da Távola

Imagem 2: http://apenasumponto.blogspot.com/2009/10/afinidade.html

05/02/2011

O Instante

"O tempo só tem uma realidade, a do instante. Noutras palavras, o tempo é uma realidade encerrada no instante e suspensa entre dois nadas. O tempo poderá sem dúvida renascer, mas primeiro terá de morrer. Não poderá transportar seu ser de um instante para outro, a fim de fazer dele uma duração. O instante é já a solidão...."  (Gaston Bachelard)

Hoje em minha caminhada, silenciei a mente e tentei  nesse estado silencioso, me perceber. Estar presente é um exercício difícil hoje em dia, o barulho é um hábito das pessoas e é presente em todas as circunstâncias, a cidade é um lugar de barulhos, inclui-se tudo, do homem e da natureza, esta segunda tenta respirar no burburinho incessante. Mas caminhar pelas quadras de Brasília ainda é possível, silenciando, perceber pássaros, sentir o respirar da terra, sentir a brisa, apesar de... tanto barulho.

Minhas caminhadas sugerem isso, e sempre caminho sozinha para me dedicar a esse contato com a natureza nessa selva de asfalto. Hoje refleti muito sobre o instante, mesmo porque li um texto de Gaston Bachelard, que sempre me leva aos devaneios do existir. Percebi o quanto estamos cindidos do presente, vivemos numa maratona acreditando num passado e esperando por um fiuturo. Passado e futuro não tocam a essência do ser, e muito menos a essência primeira do tempo. Segundo Roupnel,"...o tempo é o instante, e é o instante presente que tem toda a carga temporal. O passado é tão vazio quanto o futuro. O futuro está tão morto quanto o passado. O instante não contém uma duração em seu seio, não impele uma força num sentido ou noutro. Ele não tem duas faces, é inteiro e único. Por mais que lhe meditemos a essência, não encontraremos nele a raiz de uma dualidade suficiente e necessária para pensar uma direção.", a dualidade que vivemos entre passado e futuro nos rouba a possibilidade de presença, ou seja, do instante. É importante essa consciência, aprender silenciar nossa mente tagarela,  aprender a respeitar e ouvir nossa intuição, estar atento as nossas decisões para não nos fixarmos em modelos e nos mantermos abertos às possibilidades. Acredito que o instante é a possibilidade latente, tudo muda num instante.  

E termino com um fragmento do livro a 'Intuição do Instante' de Gaston Bachelard: "'É preciso desejar, é preciso querer, é preciso estender a mão e caminhar para criar o futuro. O futuro não é aquilo que vem em nossa direção, mas aquilo em direção ao qual nos dirigimos.' O sentido e o alcance do futuro estão inscritos no próprio presente."

Sejamos prósperos dando sentido ao viver. 'Tudo quanto é simples, tudo quanto é forte em nós, tudo quanto é duradouro mesmo, é o dom de um instante'.

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