Achei legal esse texto de Marta Medeiros, que fala da nossa inquietude, do nosso lado mulher loba, selvagem, sei lá! Trouxe para compartilhar um pouco dessa "loucura"... que somos nós MULHERES.
“Toda mulher é doida. Impossível
não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo
que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de
sedução para encontrar "the big one", aquele que será inteligente,
másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais.
Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é mesmo? Mas além disso temos que
ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir, às vezes, que somos santas,
ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo para
o alto e embarcar num navio pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar
uma cafetina, sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser
melhor que a minha. Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você
conhece e me diga se ela não tem ao menos três destas qualificações: exagerada,
dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois
então. Também é louca. E fascinante. Todas as mulheres estão dispostas a abrir
a janela, não importa a idade que tenham. Nossa insanidade tem nome: chama-se
Vontade de Viver até a Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar
da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não
existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude,
que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só sendo louca de
pedra."
Martha Medeiros