Há séculos nos sentimos uma infusão de força espiritual quando observamos um pôr-do-sol glorioso ou um lago à distância ou a suave ondulação das campinas do vento. Os nossos ancestrais primitivos sem dúvida tinham mais sentimentos básicos do que um dia seremos capazes de recuperar. Mas ainda hoje a contemplação da natureza surte um efeito calmante e terapêutico sobre os nossos sentidos e nossa alma.
O outro fator-chave que liga a natureza ao refazimento interior é, evidentemente, o contraste que existe entre ela e a sociedade: a natureza pode ser um meio de reclusão, um lugar onde se vai para ficar sozinho. No oriente, especialmente na China e no Tibete, os mosteiros em geral ficam em regiões afastadas, no alto das montanhas. Isso permite que o buscador espiritual das verdades se distancie dos dramas cotidianops da vida secular. Quando vivemos uma vida tranqüila e cheia de paz, com respeito ao meio ambiente e pelas suas dádivas e desafios, podemos purificar a nossa mente e deixar que o nosso eu espitritual brilhe através dela. Muitas comunidades pequenas e auto-sustentáveis, estribadas em valores como a harmonia com a natureza, o despojamento e a disposição para ajudar o próximo, sabem o quanto essa idéia é cativante.
É claro que podemos passar pela experiência do tranquilo isolamento em meio à natureza sem precisar nos distanciar demais da nossa rotina social de todo dia. Podemos nos sentar em meio a um bosque, numa região rural, e observar a natureza em atividade à nossa volta - dependendo da época do ano, minhocas cavando os seus túneis na terra, insetos ajudando as plantas a se polinizar, passarinhos procurando gravetos para construir o ninho. Ou podemos nos sentar à beira de um rio, de um lago ou do mar e observar o fluxo da água, a matéria da vida. Se quisermos uma visão de tirar o fôlego, podemos nos deitar no chão numa noite enluarada e observar a procissão de estrelas no céu. A revitalização do espírito está em tudo ao nosso redor e até os moradores da cidade a têm ao seu alcance em parques e jardins.
Texto extraído do livro "Mandalas da Natureza" de Lisa Tenzin-Dolma
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