26/06/2011

UM DIA QUALQUER DE SOLITUDE...


Acordar de manhã com a alma cheia de gratidão, agradecer a existência e abençoar o dia. É um estado, não é necessário nenhum esforço ou lembrete, porque isso já está registrado no corpo. O café chega com gosto de frutas e cheiro de alegria, nada de preguiça e a mesa é preparada como um convite ao deleite do pão. Logo a disposição convida para uma caminhada, a vestimenta adequada para o conforto de caminhar macio, o contato com a brisa fresca começa o aproximar da natureza, é fato ter que somar com o barulho das máquinas, mas que nada, a energia integra e harmoniza.

Depois o banho, que delícia sentir o corpo agradecido pelo alongamento e pronto, vigoroso para começar o dia... Que dia quero hoje para mim? Uma escuta necessária para que tudo possa transcorrer com leveza. O que quero fazer? Já decidi que hoje é um dia solitário, não quero estar com ninguém, apenas comigo mesma. Tenho infinitas opções, desde abrir os guardados, terminar algo que tenha começado, iniciar um trabalho manual, pintar, desenhar, ou quem sabe até arrumar minha casa e coisas.

É chegado o momento sagrado do almoço, se posso escolher mais a vontade, vejo o que quero comer e me dou o desfrute, se não, preparo um lanche básico com cara de refeição e crio um ritual para merecer a ceia. Uma sesta, só para curtir a preguiça, nada de dormir.

Agora a tarde desponta e tenho tempo para continuar fazendo o que comecei ou então posso escolher sair, sair sozinha é muito bom, porque você vai fazer o que realmente quiser, sem ter que dividir com ninguém. Se gosta de andar em shopping, está na hora, particularmente eu não gosto. Minhas opções são difíceis de encontrar companhia, por isso sempre gosto de estar sozinha para os meus programas. Se preciso comprar algo, é uma boa hora, posso andar sem pressões e fazer do meu jeito e no meu tempo, depois posso ir ao cinema, ou teatro, ou algum programa cultural que só eu mesma curto. Às vezes sair requer alguns gastos extras e não sendo um bom momento, minha casa, meu céu, posso ver um filme ou então mergulhar nas minhas mil e uma fantasias, e é o que não falta, adoro criar, qualquer coisa, é difícil citar, porque depende da disponibilidade interna, mas estas tarde podem ser reveladoras, geralmente é o que gosto de fazer, sair é uma opção mais rara. Um café é imprescindível numa tarde, com requinte de cafeteria, pão integral com ameixa.

Tenho um compromisso todos os dias, que independe de companhia ou solitude, é a Lua, minha cachorrinha, então na minha programação, tem a dela, pelo menos duas voltinhas básicas para o exercício diário.

Quando me dou conta, já é noite, se for de lua cheia a contemplação é fato, é uma das coisas que eu ADORO fazer, e ando muito para ver o nascer da lua cheia, senão, basta sentar e contemplar. Quando vou me deitar o coração está repleto, uma alegria que não depende de nada porque ela é, ela acompanha o dia e é o ingrediente para que eu seja uma boa companhia para mim mesma, e o melhor é que quando chega a hora de me deitar estou envolvida num manto de paz, que para existir fora, tem que existir dentro.
 
Esses dias são de uma simplicidade e de uma grandeza sem igual, é necessário que nos permitamos vivê-los.
 
Ana Maria

20/06/2011

Mudanças


Chega um momento em que sentimos dentro de nós um sinal, um chamado, se a escuta é bastante sabemos que é chegada a hora de mudar. Mudar o quê? Geralmente esses chamados nos encontram em momentos confortáveis, vindos de mudanças anteriores e que agora já se acomodaram. Para os acomodados esse é um bom momento de permanecer e deixar que tudo se transforme num grande tédio. Para aqueles que estão em constante movimento, seguindo o fluxo da vida, sabemos que esse é um novo momento de se criar novos movimentos.

Muitas vezes não sabemos o que é, apenas pressentimos a aproximação de algo iminente. Por isso nesses momentos é fundamental que estejamos em sintonia com nosso interior, recolher-nos para receber de dentro as informações necessárias, buscar a fonte, e para isso é necessário silêncio e escuta, uma conexão profunda consigo mesmo. Assim tudo flui, com essa abertura, o universo conspira a favor, as possibilidades aparecem e são ouvidas, e você sintonizado com seu interior está fortalecido para fazer novas escolhas e preparado para viver novos momentos.

Geralmente isso não acontece de forma tão simples, o medo nos visita, e sair da zona confortável é bastante complicado. É preciso confiar, uma confiança que só o coração pode nos dar, esse contato com o nosso interior é fundamental para que as mudanças aconteçam. É preciso coragem para viver o desconhecido e abandonar nossas pretensas seguranças, e esse, geralmente, não é o caminho mais fácil. Mas é aí, exatamente nesse lugar, que está o viço, que se esconde a inspiração pelo viver. Se ficarmos, nos entregamos ao tédio, mas se permitirmos o movimento, criamos vida nova, movemos nossas energias, vivificamos o corpo e aprendemos. Errar faz parte do caminho, e é importante, o essencial é aprender a confiar na vida e principalmente em nós mesmos.

Que sejamos sempre iluminados.
Ana Maria






12/06/2011

As Mandalas e a Meditação



As origens da tradição da mandala talvez remontem às pinturas rupestres e às inscrições na rocha usadas pelos nossos ancestrais primitivos como fonte de reflexão sobre a energia espiritual. A mandala é uma imagem sagrada que, ao ser focalizada, volta a nossa atenção para o nosso mundo interior e nos leva a entender o seu significado simbólico e absorvê-lo mentalmente. Os símbolos da mandala são dispostos em padrões geométricos ou simétricos, e a imagem resultante serve para expressar diferentes elementos do nosso eu mais profundo, o “eu interior” por trás da nossa personalidade superficial. Enquanto a mente consciente usa palavras para categorizar e definir tanto objetos quanto experiências, a mente inconsciente lida com imagens e símbolos, que geram vários tipos de sensação e percepção. Quando nos sintonizamos com uma mandala, com o tipo certo de concentração, sentimos que a nossa consciência passa por uma mudança. A meditação sobre a mandala nos leva a empreender uma jornada rumo à nossa sabedoria interior, que está em harmonia com o cosmo.

O formato considerado mais eficaz numa mandala é o círculo. Ele é usado em todas as mandalas, ao passo que outros formatos como o quadrado e o triângulo têm uma importância secundária. O círculo representa o ciclo eterno da vida, sem começo nem fim. O espaço no interior do círculo simboliza o domínio interior, um espaço mágico encapsulado e protegido pela periferia. O ponto central, silencioso, a partir do qual se mede a circunferência representa o eu, o eixo espiritual em torno do qual a roda da vida executa o seu perpétuo movimento.

Na natureza o círculo pode ser visto no sol, na lua e nos planetas. Ele é o formato que define frutos como a laranja e a cereja. O círculo nos fita através da íris e da pupila do olho. Também pode ser visto no miolo da flor e na cabeça do cogumelo. A meditação sobre o círculo de uma mandala natural pode nos levar a percepção da totalidade, da harmonia e da paz interior.

Uma variação do círculo é a espiral, em que o movimento circular se assemelha a uma mola. Em vez de convergir para um mesmo ponto, cada seção atinge uma nova fase, lembrando-nos do aprendizado progressivo que nos leva ao verdadeiro conhecimento – o eu espiritual profundo. Em seguida vem o formato oval, fechado como o círculo e símbolo do nascimento e da renovação. Todas essas formas são importantes na natureza. O quadrado, em comparação, simboliza o confinamento; ele transmite a sensação de solidez e segurança que “aprisiona” a energia dos símbolos presentes dentro dele. Todas as formas dentro da mandala, quando usadas como objeto de meditação, ajudam a potencializar cada um dos seus símbolos e a promover a expansão da consciência.

A meditação sobre a mandala requer um processo de relaxamento. De início, a mente pode ser tentada a focalizar apenas os diferentes aspectos da mandala e tentar decifrar o significado que o seu simbolismo tem para você. Quando estiver meditando, no verdadeiro sentido da palavra, é importante que você deixe de lado a “mente simiesca”, que busca incessantemente estímulo e distração, e deixe simplesmente que a mandala cause uma impressão na sua consciência, sem tentar analisá-la. As suas faculdades intelectuais não podem participar da meditação. Tudo o que você tem de fazer é absorver a imagem e deixar que ela cause um impacto sobre a sua consciência, sem que você interfira.

O objetivo da meditação é aquietar a mente. Dessa quietude suscitada pela meditação brota um sentimento de profunda tranqüilidade e harmonia que aos poucos se torna a base das suas experiências exteriores e de auto-expressão.

A natureza da sua mente superficial cotidiana consiste em movimento: pensamentos afloram e se dissipam o tempo todo, saltando de um assunto para outro, de modo a afastá-lo do seu propósito. Quando você medita sobre uma mandala, esses pensamentos periféricos a princípio podem levá-lo a divagar, mas com a prática você consegue deixá-los em segundo plano, sem sentir o impulso de acompanhá-los. Se você se obrigar a parar de pensar, os pensamentos assumirão o controle, mas, se relaxar e apenas permitir que eles se sucedam sem lhes dar atenção, eles acabarão por se aquietar e deixam de ser uma distração. Cada vez que a sua mente tentar se afastar da meditação, basta trazê-la gentilmente de volta para a mandala.

As mandalas são instrumentos poderosos de meditação porque a mente cria as suas associações mais fortes por meio de imagens. Se você pensar numa flor, ou nas ondulações de um lago, ou numa constelação, uma imagem surge instantaneamente na sua tela mental. Por ser intensamente visual e emoldurada por um desenho dinâmico, a mandala, depois de absorvida pela mente, provoca mudanças no seu estado mental, que então filtra os seus sentimentos e os influencia. Isso pode gerar um estado alterado de consciência que traga à tona vislumbres intuitivos e aguce a sua percepção.

As suas reações a qualquer situação ou experiência dependem totalmente da maneira como você vê esse momento em particular. Se você está aborrecido, um pequeno desapontamento pode deixá-lo arrasado. Se está fortalecido e confiante essa mesma decepção pode não parecer tão grande aos seus olhos e ser logo esquecida. A meditação com mandalas ajuda você a perceber as coisas mais claramente e com um sentimento de bem-estar que acaba influenciando o seu modo de encarar os altos e baixos da vida diária.

Texto extraído do livro: "Mandalas da Natureza"
Autor: Lisa Tenzin-Dolma 
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