"Mais rápidos que a água do rio,
que o vento do deserto, escoam-se
os dias. Dois não me interessam:
são o de ontem e o de amanhã.
Não te mergulhes no passado
nem no porvir. Teu pensamento
não vá além do presente instante!
Este é o segredo da paz". (Omar Khayyam)
A cultura ocidental nos direciona a uma consciência compartimentalizada e fragmentada, isso dificulta o exercício da plena atenção, que não é uma pequena atenção centrada apenas no objeto de percepção seletiva e focada, mas sim, uma atenção ampliada, inclusiva, que acolhe por inteiro um universo de percepções.
Estar presente é simplesmente "estar aqui e agora", presente naquilo que estamos realizando no momento. Estamos hoje tão automatizados, que nossas ações tornaram-se automáticas, ou seja, as realizamos sem ao menos percebê-las. Para sobrevivermos num ambiente exigente e pragmático perdemos o contato com nossa mente comtemplativa que nos permite uma visão mais ampliada do todo, deixamos de ouvir os pássaros, olhar para o céu, sentir o calor do sol, perceber o movimento natural e simplificado da natureza ao nosso redor, reduzindo e fechando as portas de nossa percepção global.
A plena atenção é estar desperto, é não se apegar ao passado e nem ao futuro, que na verdade não existem, o que de fato existe é o agora e é aqui que precisamos realizar. Eu sempre digo que a melhor forma de meditar é sentir, abrir todos os canais sensitivos, se perceber acordar, escovar os dentes, sentir o cheiro do café, se vestir, caminhar, se deslocar, percebendo cada movimento e as sensações que seu corpo desperta em relação a eles, ampliar o olhar, sair na rua e VER o mundo ao redor, as pessoas, reaprender a tocar, sentir texturas, ampliar a escuta, sentir a energia. Por meio da plena atenção, segundo Roberto Crema, "nos ancoramos no aqui-e-agora, que é transtemporal, contendo os germes do passado e do futuro, o único tempo-espaço real de edificação e transmutação".
Essa realidade parece-nos distante, e na verdade, é assim, pela nossa cultura, por nossos hábitos adquiridos. É preciso um esforço muito grande e também vontade para mudarmos hábitos antigos, nada é impossível. Procure colocar em prática primeiro em circunstâncias críticas, momentos de decisão ou emoções descontroladas, de raiva, ódio... primeiro torne-se conciente do problema (respire profundo) e fique atento se tornando testemunha do caos, afastando-se e desidentificando você abre um espaço interno que possibilita uma transformação.
Aos poucos, gradativamente, vá inserindo a plena atenção no seu dia a dia, desligando-se da mente tagarela e se ligando em cada ação presente, descobrindo um novo universo pessoal, carregado de significado e sentido, criando novas formas no viver, experimentando fazer coisas diferentes das habituais, buscando atitudes mais saudáveis, criativas. E não se assuste quando se perceber mais inteiro e feliz.
Ana Maria
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